O aniversário de Maria

Hoje, 8 de setembro é a festa litúrgica da Natividade da Virgem Maria. A Igreja celebra a Natividade de Maria, Mãe de Jesus o Cristo de Deus. Os Padres no período patrístico, especialmente os mais antigos, viram Maria desta forma: a realidade histórica, que irradia e prova a realidade divina do mistério de Cristo e sua eficácia eclesial de salvação.

Falar sobre a Natividade de Maria é trazer ao presente da História uma Mulher, que tomou a decisão em dizer Sim a Deus e arcou com as consequências do seu Sim. Mulher que, de acordo com o Evangelho Lc 1,39-45, vai apressada visitar a prima Isabel, fazendo dessa forma, o itinerário sinodal para recordar as maravilhas do Senhor na vida dos pobres de Israel e dos mais vulneráveis de seu tempo. As duas mulheres fazem memória das tradições de Israel, do caminho feito no translado da Arca da Aliança. Há encontro das crianças no encontro das mães onde a Ruah Divina é a garantia de uma alegria infinda.

A visita constrói sinodalidade a partir da escuta, do discernimento e do diálogo, capaz de gerar comunhão, participação e missão. Celebrar a Natividade de Maria nos põe na dinâmica do caminho sinodal, de uma mulher que já coberta pela força do Senhor vem ao mundo para cumprir a missão da maternidade divina, de primeira discípula e de Mãe da Igreja. Com o ouvido inclinado à Palavra divina a Virgem Maria se formou sob as instruções do Espírito Santo. A Festa litúrgica de seu nascimento, está intimamente interligada com a encarnação do Verbo, com sua vida e missão, portanto, com o evento pascal de Jesus Cristo.

No VII século do Cristianismo S. João Damasceno cheio de alegria disse:

“Vinde, todas as nações, vinde, homens e “mulheres” de todas as raças, línguas e idades, de todas as condições: com alegria celebremos a natividade da alegria do mundo inteiro! Que a criação inteira se alegre e festeje, e cante a natividade de uma mulher, porque ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o Criador mudou toda a natureza num estado melhor, pela mediação da humanidade. Maravilha das maravilhas, paradoxo dos paradoxos.”

Uma alegria que está presente na voz de Isabel, que com um grande grito exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre” (Lc 1, 42). No dinamismo novo do Espírito Santo, Isabel continua a resgatar as experiências do povo no translado da Arca da Aliança da casa de Obed Edon de Gat para a cidade de Davi, onde o Rei Davi emocionado diz: “Como virá a Arca de Deus para ficar em minha casa”? ( 1Sm 6,9) Isabel diante de Maria lhe diz: “Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite”?(Lc 1,43). Ao Som do Violino que espalhou seu som, afinando uma orquestra Nova, o céu se deitou com a terra e um anjo exultante anunciou:

Hoje, da raíz de Jessé saiu um ramo fino, um rebento, de onde surgirá para o mundo uma flor substancialmente unida à divindade. . Hoje é edificada a Porta do Oriente, que dará a Cristo «entrada e saída. “Dela sairá o «Rei da Glória», revestido da púrpura de sua carne, para «visitar os cativos», e «proclamar a libertação». Que a natureza transborde de alegria: a cordeirinha vem ao mundo, graças à qual o Pastor revestirá a ovelha, tirando-lhe as túnicas da antiga mortalidade. (hom. – João Damasceno)

Toquemos também nós um hino de louvor e gratidão a Deus que nos abraçou com o carinho da eternidade. Alegre-se o céu nas alturas, que debaixo dele “exulte a terra”, que as galáxias mais distantes, brilhem em seu centro, anunciando a estrela que vem surgindo anunciando o sol que está chegando. As constelações se ajoelhem sob a imensa claridade solar. As profundezas do Universo batam palmas e os mares abram ala no silêncio das águas em lentas ondas, para acolher a estrela da manhã, a Estrela da Evangelização em uma Igreja sinodal.

Oh jasmim que perfuma os recantos da criação, oh sinfonia que te eleva para o Divino, filha de Adão, terreno virgem da Nova criação de Deus, Mãe de Deus! Na exultação dos poetas, nos versos dos poemas, tu que despertas a alegria ímpar e o júbilo na cadência da profecia dos profetas, dás ao mundo a certeza da fidelidade da Trindade, o Deus comunhão e unidade. Por teu nascimento na melodia universal e na amizade de uma verdade que dança com a justiça, “toco de novo a cítara do espírito e canto o hino divino da natividade”.(hom. J. Damasceno)

 

 

Irmã Maria Freire da Silva.
Diretora Geral Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Bacharel e mestra pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo e doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália.

Print your tickets