Mensagem Diretora Geral na abertura do Capítulo da Província Maria Mãe de Deus

Mensagem da Diretora Geral, Irmã Maria Freire da Silva na
Abertura do Capítulo Provincial da Província Maria Mãe de Deus

A SS. Trindade iniciou a Obra da Fundação e há de completá-la”.
(Petrópolis, 9 de fevereiro de 1872)

Queridas Irma Teolide Secretti, Coordenadora Provincial, Conselho Provincial e todas as Irmãs Capitulares.

É com alegria que nós “Irmãs do Imaculado Coração de Maria em fidelidade à raiz fundacional, no compromisso místico-profético com a vida” escutamos a voz: “Saiamos às pressas, a vida clama!” (Lc1,39). O XX Capítulo Geral Ordinário nos pôs em movimento nos dando interesse desperto e um ouvido apurado a sermos incumbidas de polir o talhe e as feições da individualidade que se vai esboçando no viver do povo em suas criatividades, em suas culturais, e formas linguísticas, no desfile das multidões de empobrecidos, de vulneráveis, sem Pátria, sem casa, sem destino, vítimas das guerras, da falta de espaço para viver sua cidadania. A questão climática desafia a humanidade ao equilíbrio, ou a morte.

Estamos no processo sinodal da Igreja. Isso implica olhar a realidade com os olhos de Deus para esvaziar-se de si mesma e nascer de novo. Nascer significa vir para fora, expressar-se em sua identidade própria, mostrar o rosto, ganhar um nome e garantir sua institucionalidade, e através, manifestar o Carisma, a Espiritualidade e a Missão ICM. Esse Projeto se gerou no coração de Bárbara Maix, desde sua juventude, ganhando corpo nos momentos mais difíceis em Viena, adquirindo força e vigor a cada balanço das ondas do Atlântico, em um navio que se impunha por cima da beleza tão natural do grande mar. Reflitamos essa realidade, o propósito que não morre, porque está alicerçado no amor da Trindade Santa, para “sair às pressas, onde a vida clama” (Lc 1,39).


A memória não pode nem deve ceder lugar ao esquecimento, porque não haverá alvorada duradoura de fraternidade sem antes se ter compartilhado e dissipado as trevas da noite. Também, para nós, ressoa esta pergunta do profeta: «Sentinela, que vês na noite?» (Is 21, 11). Para nós, este é o tempo em que não mais se pode obscurecer a imagem de Deus que brilha na humanidade.

Um Capítulo é palco de alteridades, de encontros de vozes, de diálogo e de participação. Esses aspectos trazem implicações relevantes para as decisões capitulares exigindo uma postura ativa nesse processo, capaz de discernir pensando na coletividade da Província. Visto dessa forma, o Capítulo é um palco de orquestração de vozes, de escuta de discernimento, espaço onde se deve orquestrar os fundamentos, do ser em missão, nas trilhas das decisões, onde espelha-se o Carisma Congregacional. O Capítulo é lugar de encontro de sujeitos, que refletem e querem agir, e se apropriam da realidade da Província para contribuir através do compromisso conjunto, construindo sinodalidade na caminhada missionária e solidária.

Apresentar Relatórios do Triênio, avaliar, são inerentes ao processo, no entanto, as decisões resgatam sempre o fundamento e o lança no presente da história e no futuro que já vislumbramos. O Capítulo está situado na Igreja e na Sociedade, não é um ato isolado, por isso requer conhecimento do nosso entorno, da realidade Nacional e Internacional, em âmbito Eclesial. Isso propõe uma perspectiva dialógica.

É necessário sonhar com asas de águias, e assim, contemplar a amplitude ter o todo sob o olhar, mas, carece descer, como galinhas juntando os pintinhos, como diz Jesus no Evangelho: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes!” (Lc 13,34). É preciso tomar decisões lúcidas, ousadas e aplicáveis. É necessário ter em mãos o contexto congregacional, seus limites, mas sobretudo, suas potencialidades, a partir do tesouro inegociável que é Jesus Cristo, e daí, unir a fé à razão, a subjetividade à objetividade, abraçar e afastar-se para contemplar até onde podemos e queremos abraçar.


O Papa Francisco disse: “que a Vida Consagrada seja sempre festa do encontro com Cristo”. É necessário “abrir os braços a Cristo e aos irmãos, sem deixar roubar a alegria”, mover, ver, acolher. Portanto, “Abramos os olhos: através das crises, dos números que faltam, das forças que esmorecem, o Espírito convida-nos a renovar a nossa vida e as nossas comunidades.” Ainda afirma o Papa: “Se aos consagrados, faltam palavras que bendizem Deus e os outros, se falta a alegria, se esmorece o entusiasmo, se a vida fraterna é apenas fadiga, é porque os seus braços já não estreitam Jesus”. (Vaticanews). É preciso abraçar nossas Irmãs vulneráveis, doentes encharcadas pela idade, ou outras vulnerabilidades, mas também, nos abraçar em nossa totalidade no dinamismo trinitário de Deus que se debruça sobre nós.

Queridas Irmãs Capitulares, a esperança nos faz confiar em um Novo Tempo que se avizinha de nós, transbordando em uma criança humana e divina, a certeza da fidelidade da Bendita e Amada Trindade Santa.

Irmã Maria Freire da Silva
Diretora Geral

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