O mês de setembro entre tantos santos apresenta São Jerônimo doutor, Padre da Igreja, estudioso bíblico, monge (c. 347-420 d.C.)
“Conhecido por sua monumental tradução da Bíblia para o latim, a Vulgata. Nasceu na Dalmácia, estudou em Roma e dedicou-se à vida contemplativa no deserto de Cálcis, onde aprendeu hebraico e estudou as Escrituras. Retornando a Roma, ele foi escolhido pelo Papa Dâmaso I para revisar os Evangelhos latinos e, mais tarde, dedicou-se a traduzir o Evangelho e o Antigo Testamento do grego e do hebraico. Seu trabalho foi fundamental para a divulgação da Bíblia na Igreja Católica e hoje ele é o santo padroeiro dos tradutores e estudiosos”.
Jerônimo nasceu por volta de 347 na Dalmácia. Recebeu uma formação sólida de estrutura consistente. Fez seus estudos em Roma, onde inicialmente se dedicou à vida mundana, mas logo se arrependeu e recebeu o batismo, orientando-se para a vida contemplativa. Viveu um período Aquileia, depois, partiu para o Oriente, onde se retirou por vários anos no deserto de Cálcis, perto de Antioquia.
Jerônimo foi um homem dedicado totalmente ao estudo da Palavra de Deus, aprendeu o hebraico e os escritos dos padres da Igreja. Ao retornar a Antioquia foi ordenado presbítero e foi a Constantinopla continuar os estudos sob a orientação de Gregório Nazianzeno. Mais tarde retornou a Roma, onde o bispo Paulino o apresentou ao Papa Dâmaso I, que o escolheu como seu secretário, confiando-lhe a revisão de uma antiga tradução latina dos Evangelhos. Após esse trabalho dedicou-se aos textos do Antigo Testamento para o latim a partir dos textos originais, hebraicos e gregos, concluído em 405, conhecido como Vulgata (tradução para a língua comum).
O Papa Francisco enfatiza em sua carta apostólica “Scripturae Sacrae Affectus” que, curiosamente, o amor de São Jerônimo pelas Escrituras não começou desde o início. O Papa enfatiza que São Jerônimo “amava a beleza límpida dos textos clássicos latinos desde a juventude e, em comparação, os escritos da Bíblia lhe pareciam, a princípio, grosseiros e imprecisos, muito pouco refinados para seu refinado gosto literário”. No entanto, ele teve um sonho no qual o Senhor lhe apareceu como um juiz: “Quando perguntado sobre minha condição, respondi que era cristão. Mas aquele que estava sentado ali me disse: ‘Você mente, você é um ciceroniano, você não é cristão”. Foi após esse sonho que Jerônimo percebeu que amava mais os textos clássicos do que a Bíblia, e este foi o início de seu amor pela Palavra de Deus. Para Jerônimo até a ordem das palavras na Bíblia é mistério.
O amor à Palavra de Deus foi um processo na vida de Jerônimo. Após sua conversão, viveu para buscar a beleza e o encantamento que a Palavra lhe convocava. Jerônimo afirmou que ninguém vive sem a Palavra de Deus. Foi amigo de Marcella, uma mulher romana que era animadora de um grupo (frequentemente chamado de Circolo dell’Aventino em homenagem ao local onde se conheceram) principalmente de mulheres, mas também alguns homens que se reuniam para ler e comentar a Bíblia. Trabalharam durante muito tempo juntos no estudo e pregação da Sagrada Escritura.
Nesse mês de setembro, Jerônimo nos convida a sermos testemunhas de esperança que brota dessas páginas escritas em nossos corações. Refletir, estudar a Palavra de Deus é deixar-se conduzir pelo Espírito Santo na dinâmica de um Novo tempo, onde o Ressuscitado é a força reluzente da nossa vida cristã.
Irmã Maria Freire da Silva
Diretora Geral Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Bacharel e mestra pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, de São Paulo e doutora em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália.
Considerações Bibliográficas
RIOS Loreto, https://www.omnesmag.com/it/notizie/santo-gesu-amore-dio-parola/ disponível em: 08.09.2025