Artigo Mensal – Basílio Magno e Gregório Nazianzeno: sinais de pertença na Igreja e na sociedade

Estamos iniciando o Ano de 2022. O mês de Janeiro traz presente a solenidade de Maria Mãe de Deus, mulher discípula que se inclinou totalmente para ouvir o anúncio do mensageiro de divino. Também celebramos a festa de dois grandes gênios do século IV: Basílio Magno e Gregório Nazianzeno.

Basílio Magno nasceu na cidade de Cesaréia, capital da província da Capadócia da Ásia Menor (atual Turquia) entre (329 e 330). Pertenceu a uma família rica e cristã que sofreu perseguições durante o governo de Diocleciano. Estudou nas escolas filosóficas de Bizâncio, Antioquia e Atenas e tornou-se Bispo da cidade de Cesaréia em 370 d.C.

Toda reflexão teológica está moldada pelo contexto cultural, político, perpassada, condicionada pela experiência e perspectiva do teólogo. Basilio era um homem culto, capaz de dialogar, preocupado com a unidade eclesial, zeloso com a fé de suacomunidade.

D. Edwards afirma que a teologia de Basilio “está relacionada com sua experiência de natureza social da vida cristã”. Para Basílio, o Espírito está presente em todo universo e habita nas pessoas de maneiras diferentes. Percebe o Espírito sempre na perspectiva de comunhão. Sua teologia impele sempre para o social. Utiliza muitas vezes o termo “simpatia” no sentido de “sentir com os outros”. No caso, está implícita a ideia de que é o Espírito quem nos faz empáticos com os outros (EDWARDS, 2007, p. 37). Basílio, a partir da fórmula de Mt 28, 19, afirmara que há comunicação dos Três no batismo. A criação da linguagem trinitária de Basílio tem como objetivo refutar os erros teológicos de Eunômio, porém, vai além pelo fato de que interessa salvaguardar a fé da comunidade, manifesta o Espírito Santo na união com o Pai e o Filho na mesma dignidade de louvor. No campo mariológico, Basílio bispo de Cesaréia, confirmou como peso de sua

autoridade o que já havia sido anteriormente intuição de Orígenes: a perpétua virgindade de Maria. Através de sua célebre homilia na festa da Natividade, que hoje se lê nas Igrejas do Oriente, recorre aos textos bíblicos paralelos, tenta esclarecer expressões do Evangelho como: mulher, não conheceu até que deu à luz a seu primogênito. Em sua homilia, a Virgem desponta como modelo todo particular da alegria que é a alma da celebração litúrgica; enquanto dispõe intimamente à glorificação do Senhor. Faz entender que a alegria de Maria não é uma alegria comum, porque ela aprendeu a se alegrar com Gabriel. É uma disposição interior extraordinária, messiânica que vem do céu. Por isso, se torna modelo de vida e de fé e de atitude litúrgica para os cristãos.

Gregório Nazianzeno nasceu em Arianzo (329-390), um pequeno vilarejo no país de Nazianzo na cidade da Capadócia, onde seu pai também de nome Gregório, era bispo. Nasceu numa família abastada o que lhe tornou possível uma formação sólida. Não era um homem erudito, apaixonado pela literatura, um poeta de estilo refinado, ascético e com sensibilidade artística, uma das figuras mais originais e interessantes do cristianismo oriental, dono de um requintado “corpus linguístico literário”. Ele indica-nos um caminho através de sua ousadia em utilizar o saber do seu tempo, a filosofia para elaborar uma linguagem sobre Deus, capaz de dialogar com a cultura. Tornou-se um famoso orador e teólogo, sendo muito perseguido pelos arianos. Preferiu desistir da vida episcopal e se recolher num mosteiro onde se dedicava inteiramente às orações, à meditação, ao estudo do Evangelho. Em virtude de sua grande erudição teológica e seus claros conhecimentos sobre a discutida cristologia dos primeiros tempos, foi escolhido pelo imperador Teodósio para ser o bispo de Constantinopla. Sob pressão dos inimigos, não aceitou ser declarado patriarca desta metrópole e nesta posição presidiu o primeiro Concílio Ecumênico da Igreja ali sediado em 381, onde triunfou a doutrina ortodoxa da Santíssima Trindade, ao reconhecer a divindade do Espírito Santo. Sendo deposto da presidência conciliar por bispos inimigos, voltou a Nazianzo para seu retiro. Não foi de grande importância no aprofundamento do termo relação. Para ele, não se pode falar do Pai e do Filho e do Espírito Santo só a partir da autonomia afirmada dos nomes recíprocos que operam uma distinção dos três entes Deus, mas considerando que seja uma relação que existe intratrinitariamente. Para não o fazer teológico deve conter dois elementos importantes: a contemplação e a experiência cotidiana.

No momento atual é fundamental a junção da contemplação e da experiência cotidiana, do compromisso com a defesa da vida. Tanto Gregório, como Basílio nos desafiam a sermos sinais de pertença na Igreja e na sociedade.

 

 

 

Irmã Maria Freire da Silva.
Diretora Geral da Congregação das
Irmãs do Imaculado Coração de Maria

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